Estamos vivenciando um período de
ocupação das escolas da rede estadual por parte dos educandos. Essa ação foi
motivada por uma série de questões (que não cabe aqui serem discutidas, mas que
podem servir de pano de fundo para outra postagem).
Tive a oportunidade de visitar
uma unidade educativa ocupada, na ocasião eu tinha sido convidado para
ministrar a oficina: “Consciência corporal: corpo e política”. Me senti
entusiasmado pelo convite, pois havia nele uma carga de seriedade, de vontade e
desejo de mudança, que há tempos não via emanar em uma manifestação. Me
organizei para a ação e no dia marcado estava eu lá.
Tinha no grupo umas 30 ou 40
pessoas entre educandos, educadores, estudantes universitários, militantes e
demais pessoas que se identificaram com a ação de ocupação. O início da oficina
ocorreu de maneira meio tímida e enigmática, porém aos poucos os vínculos foram
sendo estabelecidos e as coisas foram acontecendo. A proposta da oficina era
realizar um trabalho corporal, com aquecimento, jogos criativos e criação
coletiva, atrelados a uma discussão sobre a importância da consciência corporal
para as relações sociais e da expressão corporal enquanto ação consciente
transformadora, reflexiva e coletiva.
O final da oficina foi com a
apresentação de uma dança criativa coletiva, realizada em grupos e com uma roda
onde fizemos um feedback da oficina, sobre posicionamento político e sobre a
importância daquela ocupação para aquele grupo. O que me deixou mais
impressionado não foi a maneira em como as coisas aconteceram, nem a sinergia
do grupo, nem o desejo do grupo de vivenciar o processo da maneira mais intensa
e consciente possível. O que me deixou em estado de êxtase foi a maturidade e a
compreensão que o grupo demonstrou durante a finalização da nossa oficina. A
relação que cada um fez da experiência vivida com a importância do
fortalecimento coletivo e com a importância da consciência clara nas práticas e
nas propostas de resistência e de manifestações políticas e sociais. Aquela
tarde de sábado me deixou mais desejoso e provocado, ser acolhido num
território antes estranho e por pessoas estranhas, que compactuam dos mesmos
desejos e das mesmas ideias só me fez fortalecer a vontade de resistir, de
compartilhar e de se expandir.
Ao finalizar a oficina eu juntei
minhas coisas, cumprimentei o grupo e fui embora sabendo que um pouco de mim
havia ficado ali e um pouco da cada um que esteve lá estava indo comigo, afinal
de contas eu não sou somente eu, mas sou milhares em mim, formado pelos
(des)encontros da vida.
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